Daniel Botelho, de 44 anos, descobriu sua paixão pelo oceano ainda na infância, quando, aos 7 anos, anunciou para a mãe que havia 'fotografado um tubarão' durante uma visita a um aquário.
Criado no Rio de Janeiro, ele cresceu mergulhando com snorkel e identificando espécies marinhas.
Hoje, Daniel é um dos principais fotógrafos subaquáticos do mundo, especializado em tubarões-brancos, que registra a menos de um metro de distância e sem gaiolas de proteção.
Com mais de 20 anos de carreira, o brasileiro já acumulou mais de 170 horas de mergulhos livres com tubarões.
Suas fotos, capturadas com lentes fish-eye, exigem aproximação extrema dos animais para registrar suas cores reais, devido às limitações da luz debaixo d'água.
Sua abordagem é baseada em respeito, evitando confrontos. “Só contando com a misericórdia do animal”, brincou, em entrevista à revista GQ.
Daniel contou que estuda o comportamento dos tubarões para saber quando é seguro entrar na água.
Sinais como movimentos suaves indicam um animal tranquilo, enquanto abertura constante da boca e movimentos bruscos podem significar irritação.
Além dos tubarões, o fotógrafo também já capturou baleias-azuis — maior animal do mundo —, conhecidas por serem tímidas.
O brasileiro explica que manter contato visual é essencial para evitar ataques: â??Todo tubarão vai tentar se aproximar por onde você não está vendo. Se ele vier por trás e te der uma cutucada, e você não reagir, não virar, não fizer contato visual, da próxima vez ele pode vir para morder.'
'Se você correr ou começar a se debater, o tubarão também vai atacar. Tudo depende da forma como você se posiciona. Ele é um animal territorialista, se a pessoa se impõe como um alfa, é provável que o tubarão recue, com medo', detalha o fotógrafo.
Seus mergulhos geralmente são feitos com um assistente local e acontecem em condições controladas.
Entre os companheiros mais marcantes, estão Bruce, um tubarão-branco enorme, e Ema, uma tubarão-tigre das Bahamas, que virou o xodó do fotógrafo.
Certa vez, Daniel viveu um momento tenso na Ilha de Guadalupe, no Caribe. Durante uma expedição com turistas, uma mulher se aproximou da isca e acabou atraindo a atenção de uma fêmea de tubarão-branco, o que obrigou o fotógrafo a intervir rapidamente.
“Tubarões-brancos são extremamente competitivos. Se você se aproxima da presa dele, ele larga o peixe para confrontar você”, esclareceu.
Outra situação tensa foi quando se viu frente a frente com crocodilos-do-Nilo, em Botsuana. “O tubarão-branco pode te morder, mas não te vê como comida. Já o crocodilo do Nilo gosta de gente, de comer gente”, disse ele.
Daniel também já fotografou lulas gigantes canibais do Pacífico. Para isso, ele precisou descer amarrado a uma corda.
Mesmo animais aparentemente inofensivos já causaram momentos de perigo. Durante uma expedição na Ãndia, um elefante indiano, conhecido por nadar, acabou sendo surpreendido por uma onda e caiu por cima do brasileiro. 'Achei que ia morrer ali', relembrou.