Orçamento

Tebet diz que é preciso repensar modelo de emendas parlamentares

Chefe do Planejamento considerou que o valor destinado ao ree é "muito pesado" e reconheceu que a rastreabilidade não chegou ao nível de transparência exigido

Simone Tebet sinalizou que será preciso fazer ajustes fiscais mais robustos no futuro,
Simone Tebet sinalizou que será preciso fazer ajustes fiscais mais robustos no futuro, "sem tirar direito de ninguém" - (crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, afirmou nesta terça-feira (25/3) que é preciso discutir o tamanho dos recursos destinados às emendas parlamentares no Orçamento federal. 

“A gente tem que repensar o modelo de emendas parlamentares. O valor, o montante é muito pesado”, disse em entrevista ao programa Bom Dia, Ministra, da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC).

A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), aprovada na última semana pelo Congresso, reservou R$ 50,4 bilhões para as emendas parlamentares este ano. Cerca de R$ 39 bilhões serão destinados a emendas impositivas, de pagamento obrigatório. 

Tebet considerou que o valor destinado ao ree é "muito pesado". “Quando a gente tem um orçamento em que as despesas livres, que podem ser remanejadas, ficam quase 50% na mão do Congresso em forma de emendas e os outros 50% para investimento público na mão do governo federal, a gente vê que a conta não fecha. A gente não consegue atender todas as necessidades dessa forma", afirmou. 

A ministra diz ser a favor das emendas, mas ponderou que o montante excessivamente alto prejudica o Orçamento público e impede a alocação eficiente de recursos para áreas prioritárias. “Quem tem a visão do todo é o Executivo federal. Os parlamentares têm uma visão de país, sem dúvida, mas normalmente eles têm uma visão muito específica do local por onde foram eleitos", declarou.

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Entre o montante destinado para os parlamentares, R$ 11,5 bilhões são direcionados para as emendas de comissão, que são alvo de questionamento pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Tebet reconheceu o progresso no que se refere à rastreabilidade das emendas, mas itiu que “não chegamos ao nível de transparência” exigido pelas autoridades e pelo próprio povo.

Ajustes fiscais 

Apesar dos cortes em determinadas áreas do Orçamento, a chefe do Planejamento garantiu que os programas sociais serão mantidos. Ela sinalizou que será preciso fazer ajustes fiscais mais robustos no futuro, “sem tirar direito de ninguém” e lembrou que esse processo depende de uma parceria com o Congresso. 

“Porque quando apresentamos as medidas, o Congresso tem que estar com vontade de votar. Estamos perto de um processo eleitoral, aí fica mais difícil. Acho que a janela para as grandes mudanças estruturais no ajuste acabarão ficando para a pós-eleição de 2026″, disse. 

Rafaela Gonçalves
postado em 25/03/2025 11:07 / atualizado em 25/03/2025 11:12
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