CB.Fórum

Bernardo Gouthier alerta sobre impacto da remessa de dividendos externos

O economista destaca a necessidade de equilibrar investimentos estrangeiros e sustentabilidade do desenvolvimento econômico no Brasil

Bernardo Gouthier destacou a importância desses investimentos para a estabilidade cambial do país -  (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)
Bernardo Gouthier destacou a importância desses investimentos para a estabilidade cambial do país - (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)

Nesta terça-feira (25/3), o CB Fórum reuniu especialistas para debater o cenário dos investimentos estrangeiros no agronegócio brasileiro. No segundo , sobre Investimentos estrangeiros e terras rurais, o economista e consultor da LCA Consultoria Econômica Bernardo Gouthier destacou a importância desses investimentos para a estabilidade cambial do país, mas alertou para os impactos da remessa de dividendos ao exterior.

Bernardo Gouthier destacou a necessidade de condicionar tanto a propriedade fundiária quanto o investimento estrangeiro, considerando os impactos econômicos dessas movimentações. “A propriedade fundiária, assim como o investimento estrangeiro, precisa estar condicionada. Existem questões relevantes do ponto de vista econômico, estamos falando aqui de questões de balanço cambial, sobretudo de contas externas, isso é importante para que a gente tenha condições de ter desenvolvimentos sustentáveis”, afirmou. 

Segundo ele, o desenvolvimento do país sempre foi afetado por dificuldades cambiais, e a presença estrangeira na economia brasileira deve ser analisada com cautela. "O nosso desenvolvimento sempre foi truncado por dificuldades cambiantes. Então, a propriedade estrangeira, qualquer ativo, gera fluxos negativos de dividendos também. Ela leva fluxos positivos de receita quando a atividade é exportadora. Ela, na origem, tem investimento direto, mas ela também gera fluxos de remessa de dividendos que compõem a parte de nosso balanço cambial também", explicou. 

Gouthier alertou que é fundamental encontrar um equilíbrio nessas operações, garantindo que os fluxos financeiros gerados sejam compatíveis com a sustentabilidade do desenvolvimento econômico nacional. “Então, (é necessário) haver um equilíbrio para que esses fluxos sejam compatíveis com a sustentabilidade do desenvolvimento”, concluiu.

O consultor explicou que, embora os investimentos estrangeiros tenham sido essenciais para fechar as contas externas do Brasil, a remessa de lucros para outros países impacta a balança cambial. Segundo ele, é necessário um modelo regulatório que assegure que esses fluxos financeiros não comprometam o crescimento econômico a longo prazo.

Outro ponto de atenção levantado por Gouthier foi a subnotificação da real participação estrangeira em setores estratégicos. A pesquisa apontada por ele, apontou que os registros do Incra subestimam significativamente a atuação de investidores estrangeiros em segmentos como agropecuária, energia e mineração. Ele destacou que grande parte das transações envolvendo terras no Brasil ocorreu à margem da legislação vigente, o que levanta desafios regulatórios e políticos.

“O que se constata é que existe muito de propriedade estrangeira, de fato, mas que está fora dos registros do Incra e certamente parte das transações que a gente assistiu nos últimos anos não foram discutidas no âmbito do Congresso Nacional”, pontuou Gouthier.

O debate sobre a regulação da propriedade fundiária por estrangeiros tem sido intensificado nos últimos anos, especialmente em setores estratégicos para o Brasil. Gouthier ressaltou que, embora a presença do capital externo seja crucial para a modernização do agronegócio e de outras indústrias, o país precisa garantir que esses investimentos sejam produtivos e tragam benefícios concretos para a economia nacional.

Siga o canal do Correio no WhatsApp e receba as principais notícias do dia no seu celular

Danandra Rocha
postado em 25/03/2025 15:04
x